terça-feira, 29 de novembro de 2011

Paul Simon em Limoeiro, no Pelô, no Haiti

Toda narrativa da construção ou desconstrução de uma música, muito interessante, vale a pena ouvir e ler esta preciosidade do post  http://tuliovillaca.wordpress.com/author/tuliovillaca/
Cabrito
 
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out
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Em 1986, Paul Simon se reinventou. Um dos maiores cancionistas americanos, com os dois pés fincados fundo na tradição folk, fez um álbum com uma plêiade de músicos africanos. Graceland foi um sucesso estrondoso e mundial, e nem podia deixar de ser: canções primorosas como as que ele sabia e sabe fazer, com uma embalagem sonora nova e instigante; dezenas de músicos exóticos e talentosíssimos em torno do já conhecido estilo de composição que embalara uma geração em sua parceria com Art Garfunkel.
Em 1990, Paul deu continuidade  natural a sua exploração que ajudou a consolidar o termo world music, gravando The rhythm of the saints no Brasil, com músicos brasileiros (Milton Nascimento, Naná Vasconcelos, Uakti) e africanos. A faixa de abertura foi gravada em pleno Pelourinho de Salvador, com o Olodum.
The obvious child

Porém, enquanto o sucesso destes álbuns se consolidava, surgiam também diversas questões, em parte políticas, em parte estéticas. Politicamente, lembrou-se que Paul furou o bloqueio imposto pelo mundo à África do Sul, à época em regime de Apartheid, e ao mesmo tempo ele foi acusado de explorar comercialmente a música africana – ou seja, de mero oportunismo.
E esteticamente, a crítica era de que não havia um real entrosamento entre as composições e o que foi feito delas. As canções de Graceland e The rythm of the saints não deixam de ser canções de Paul Simon, criadas dentro de uma formatação folk e transplantadas para universos de ritmos sem que houvesse uma real interação entre ambos, e sim uma simples sobreposição. Em The obvious child, por exemplo, ao chegar no trecho contrastante que se inicia com Sonny sits by his window, a batucada do Olodum tem que ser colocada como fundo na mixagem do estúdio, de maneira muito pouco natural. É como se para esta parte da canção a base percussiva não servisse, fosse algo incômodo que não se pode dispensar, pois deverá voltar mais adiante.
Por tudo isso (como também pela tendência irreverente do brasileiro de começar a chamar de arroz de festa todo gringo que para por aqui), Paul Simon foi alvo de algumas gozações, caracterizado como o sujeito que chega a uma festa em que não conhece ninguém e quer logo se mostrar enturmado, ou como o que realmente era: um estrangeiro algo deslumbrado com culturas diferentes e riquíssimas:
Baião de Lacan – Leila Pinheiro – Guinga e Aldir Blanc

Aqui começa um pequeno emaranhado de citações. O Baião de Lacan, em uma letra quase atemática, narra dispersa e sarcasticamente uma tentativa de carreira artística nos EUA:
Um empresário quis que eu fosse a Massachutis
Oquêi, my boy! – Cheguei pra rebentar e putz!
Voltei sem calça e quase que um me sequestrava…
Mais adiante, depois do fracasso da iniciativa, um disparatado seguidor de Lacan diagnosticou estresse e me mandou pra roça descansar. E aí Aldir de passagem dá uma rasteira no músico americano que fez o caminho inverso do protagonista fabuloso da canção:
Eu fui pro Limoeiro e encontrei o Paul Simon lá
Tentando se proclamá gerente do maufá…
Só que a melodia inicial deste trecho é tirada por Guinga de outra canção: o Forró em Limoeiro, a primeira música gravada por ninguém menos que Jackson do Pandeiro.

O Forró em Limoeiro aqui é apresentado como uma espécie de paradigma da nacionalidade - o cabra que foi ao Forró se meteu numa tremenda briga, e gostou! – tanto tematicamente quanto pela particularidade de ser uma gravação do Jackson (a autoria é de Edgar Ferreira). A narrativa do forasteiro totalmente aclimatado, assim como a própria figura do Jackson, contrastam com a posição do Paul Simon, tentando gerenciar algo de que não teria um real conhecimento.
E no entanto a posição assumida pelo Baião de Lacan não é tanto a da defesa de uma suposta brasilidade frente a uma suposta exploração estrangeira, mas antes uma cobrança à postura brasileira, em cujo bojo vem a referência ao Olodum no início da letra: Eu ouço muito elogio à barricada, procuro as nossa por aqui - Não vejo nada, para no fim alertar: se o pião não chiar, o Boi Bumbá vai virar vaca!
Haiti – Caetano Veloso e Gilberto Gil

Em Haiti, Caetano e Gil traçam o caminho de Paul Simon, só que em sentido oposto: enquanto ele sai da música americana tradicional e tenta incorporar o ritmo brasileiro à sua linguagem, eles partem do Olodum, tanto temática quanto musicalmente, para incorporar o estilo originalmente americano do rap. Só que Caetano e Gil, em vez de cairem de paraquedas na cultura estranha, tem um ponto de apoio para esta passagem, que é o movimento de rap e hip hop brasileiro, especialmente paulista. É a partir desta referência que constroem Haiti. Com isso, a mistura de ritmos que promovem soa muito mais orgânica que a de Paul Simon
Caetano e Gil também citam a passagem de Paul pela Bahia. Porém, em vez de criticá-lo ou tratar da defesa de valores nacionais, ou coisa parecida, preferem apontar o abismo entre a visão espetacularizada dos meios de comunicação de massa – e aí está incluída, ainda que involuntariamente, a música de Paul Simon, como a lente do Fantástico – e a realidade onde ninguém é cidadão. E quando se referem indiretamente ao Olodum – mas não só a ele – como um batuque com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária  em dia de parada, traçam um paralelo à preocupação de Paul expressa em The obvious child, que não por acaso trata de crianças pobres ao gravar no Brasil, assim como tratara dos sem-teto ao gravar na África.
E a dicotomia ente as duas visões fica patente na citação que fecha Haiti, estabelecendo também a relação com outra canção de Caetano, Menino do Rio. A aspiração expressa na outra – o Havaí seja aqui – converte-se numa constatação dúbia – o Haiti é aqui, o Haiti não é aqui, mantendo-se basicamente a melodia, como que ironizando a outra canção do mesmo autor que retrata uma realidade tão diversa – ironia que, em vez de voltar contra Paul Simon, Caetano sabiamente volta para si próprio.
Talvez as cobranças a Paul Simon tenha sido injustas. As de que estaria usando a música de outros países para alavancar sua carreira, é óbvio que sim. O grupo vocal Ladysmith Black Mambazo, que gravou com Paul em Graceland, adquiriu justíssima visibilidade internacional, e boa parte do mundo conheceu a vasta música feita na África a partir daí – inclusive podendo perceber com mais clareza as diferenças entre o ela e trabalho de Paul Simon. Em medida algo menor, foi o que aconteceu com The rhythm of the saints.  A começar pelo título, é uma visão estrangeira, e nem poderia deixar de ser. Reducionista, sem dúvida, pela ambição de tanta coisa que devia caber num álbum, e não cabia, claro. E um encontro difícil entre uma tradição (não apenas) musical e uma diversidade de outras, que Paul tenta traçar em versos respeitosos como Olodumaré está sorrindo no Paraíso, eu realmente acredito.
Mas o que fica claro também é que Paul Simon tem igualmente consciência do tamanho de sua empreitada e da impossibilidade de levá-la a cabo, mas da necessidade de que este passo seja dado. Desta consciência é que saem alguns dos momentos de maior densidade poética de ambos os álbuns. Como quando em Graceland ele canta:
Losing love is like a window in your heart
Everybody sees you’re blown apart
Everybody feels the wind blow
Ou em The cool cool river, construída sobre um complicado compasso de nove tempos, que às vezes se organiza em ternário composto e às vezes se desarticula novamente, sem soar nada folclorizante, em que Paul explicita que não faz o jogo do contente nem está interessado em superficialidades: quem diz “tempos duros”? Estou acostumado com eles. E finalmente reconhecendo, à sua maneira, o que Caetano e Gil apontam, ao mesmo tempo em que entoa um canto épico de esperança: às vezes nem mesmo música pode ser um substituto para lágrimas.

26
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Lindo ensaio de nú feminino















não sei porque, essa mulher dá uma vontade...

Tempestade em Copo D'água?




nviado por em 26/11/2011
Vídeo feito por alunos de Engenharia Civil da Unicamp, em resposta ao vídeo do movimento Gota D'Água.

sábado, 26 de novembro de 2011

Bom fim de semana a todas e todos - divirtam-se



a porquinha e os cookies...super legal, morrendo de rir

para os adeptos do BDSM  e afins...

A verdade sobre Belo Monte e sobre a gente 

MAIS PIMENTA NESTA DISCUSSÃO - CABRITO




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Terra Magazine
Marcelo Carneiro da Cunha
De São Paulo

A verdade surge do entrevero, como dizia a minha pampeana avó Jovita. A minha avó Jovita podia ser um tanto assustadora, mas era sábia, agora eu sei.

E, na semana passada, eu tirei sarro dos bonitinhos da Globo dizendo aquelas coisinhas de teleprompter no vídeo contra Belo Monte. Tirei sarro do que eles diziam e do jeito que diziam, porque já que gosto de gente falando o que sabe, detesto gente dando texto. Pronto, caiu o mundo.

Uma das críticas foi a de que eu teria sido deselegante para com os globais. Pois eu discordo, embora um neto da minha avó Jovita pouco se importe com as aparências. Eu poderia ter sido menos elegante e ter falado que eles mentem. No vídeo eles dizem barbaridades, como a afirmação de que o lago vai alagar o Parque do Xingu (que fica no Mato Grosso, a 1300 km dali), que o lago formado vai alagar 640 km2 de floresta (são 516 km 2, e mais de 2/3 da área já são o curso do rio ou desmatados), que tribos indígenas vão ser desalojadas (não é verdade) e que o dinheiro que financia a obra vem dos nossos impostos, o que de novo é mentira, porque o dinheiro do BNDES não vem de impostos, como sabe qualquer um que queira saber e não falar besteira em público.

Ou os atores foram ingênuos ou mentirosos, e eu até fico com a primeira hipótese, que combina mais com o psiqué du rôle deles. Mas alguém construiu uma mensagem mentirosa para tungar milhares de assinaturas de pessoas como você, sinceramente interessadas no país e no futuro. O que você acha disso?

Outros me dizem que o certo é "ouvir os muitos cientistas que se pronunciam a respeito do assunto". Eu, louco por verdades que sou, recebo essa pérola de um doutor em meio-ambiente que vive na Catalunha (e me chamou de ignorante em tudo) "...A energia eólica nao somente fica na beira da praia e estraga o visual, isso é uma falta de informação. Em Osório, no sul do país, encontra-se um dos maiores parques eólicos do Brasil, e tudo isso nas montanhas."

O nobre doutor não sabe que eu estive no local em agosto, e olhem a tal eólica nas montanhas:

Então, caros leitores, dá pra confiar na isenção de alguém e na sua capacidade de produzir verdades por ele ter um doutorado em alguma coisa? Se ele gosta de verdades tanto quando o doutor acima, quanto adianta ouvir o que ele diz, se queremos verdades?

E essa é a questão: queremos a verdade ou queremos chupeta?

O Manuel, aqui em casa, com duas semanas de vida já sabe a diferença entre uma e outra. A verdade exige bem mais esforço, mas dela sai leite. A chupeta é fácil, e engana, por um tempo, mas ele precisa mesmo é do leite.

Os globais do vídeo ficaram enchendo a gente de chupeta. "Pra que hidroelétrica, tem solar, tem eólica". Um sujeito que não sabe pra que lado fica o Xingu, sabe o que eólica ou solar representam ou podem representar hoje? Você colocaria o seu destino e o do país na cabeça dessa gente? Somos bebês? Vocês são, caros leitores? Vocês acreditam mesmo em verdades fáceis e almoços grátis?

Claro que um projeto de hidrelétrica na Amazônia é um projeto de hidrelétrica na Amazônia. Claro que algo desse porte vai levar muita gente para lugares que já são disfuncionais hoje. Claro que o lago formado vai ter impacto, algo difícil de avaliar. Tomando como comparação Itaipu, parece que os ganhos superaram as perdas, e elas incluem as Sete Quedas. Sem Itaipu, nossa história seria outra, e bem mais carbônica, não? Gente vai ser movida pra lá e pra cá, o que acontece o tempo inteiro, porque nenhum lugar permanece estagnado e igual para sempre. Para alguns, vai ser bom, para outros, não. Afetados por isso tudo somos os 190 milhões, ainda mais se ficarmos sem energia suficiente, a única coisa, salvo perder a Copa de 2014 na final e em casa de novo, capaz de acabar com a gente.

Querem um santuário, criem um santuário. E se a nação decidir, depois de muito debate, tornar a Amazônia um santuário, que assim seja. Mas quem vai explicar isso para os vinte milhões de habitantes que já estão lá? Querem que o Brasil deixe de ser injusto com os indígenas? Querem devolver o país a eles, a única forma de corrigir a injustiça essencial? Ok, vamos pra onde?

Não existe almoço grátis. Verdade, certamente, tem custo.

A questão real e que me aflige, ainda mais com um filho de apenas duas semanas e que vai herdar esse século, é a nossa incapacidade para debater e buscar a verdade. Fracassamos vergonhosamente em uma decisão tão simples quanto a da proibição das armas. Seríamos incapazes hoje de debater e decidir de maneira inteligente e verdadeira sobre questões de igualdade e os direitos de minorias. Sobre a reforma política. Sobre o sistema educacional. Sobre as drogas. Sobre o importantíssimo Código Florestal. Sobre a eticamente complexíssima questão do aborto.

Somos incapazes porque somos seduzidos por chupetas, em nossa busca da verdade. Fracassamos porque, em uma era de tanta informação, afundamos nos preconceitos e cedemos aos discursos maniqueístas e reducionistas.

Eu quero acreditar em mim e em vocês, em nossa capacidade de sermos maiores do que a nossa própria miopia. Eu quero tanto que vou compartilhar o infalível método Avó Jovita de localizar a verdade, onde quer que ela esteja, baseado em um conceito muito simples: a verdade dói.

Querem ver? Não, mulheres não são mais sensíveis do que os homens. Não, Deus não vai garantir o seu sucesso simplesmente porque você paga o dízimo. Aliás, ele nem existe, ao menos não do jeito que venderam pra você. Sim, a homeopatia não passa de uma besteira. Não, o Gremão não é imortal. Sim, precisamos e muito de energia, e sim, hidrelétricas estão, longe, entre as melhores soluções, ao menos até a cientista nuclear Denise Richards inventar a fusão a frio. Sim, países ricos têm melhores condições de enfrentar e vencer as sérias questões do ambiente, e esse é um bom motivo para trabalharmos para o Brasil prosperar. Sim, o atual modelo de produção precisa ser trocado por outro. Não, ainda não sabemos como fazer isso. Não, ele não quer ser seu amigo. Não, ela não ama você.

Viram? Fácil. Agora vão lá fora e apliquem o método. Afastem as chupetas e leiam a Veja e a imprensa de verdade com o cuidado de quem busca bola em espinheiro, sabendo que nos espinhos estará a verdade. A verdade dói, sim, mas ainda é a única forma de sairmos dos buracos em que nos enfiamos ou nos enfiam. Ela dói, mas cura, que nem mercúrio-cromo. Saudades do mercúrio-cromo. Saudades da minha avó que nunca, nunca mesmo, mentiu pra mim.

Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.




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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Leonardo Boff - Pensamentos e sonhos sobre o Brasil

DEBATE ABERTO

Pensamentos e sonhos sobre o Brasil

O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Temos tudo para sermos a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram.

1. O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e a conseguir tudo “na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria “enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?

2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.

3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.

4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso,tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.

5. O medo é inerente à vida porque “viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.

6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.

7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.

8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.

9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.

10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.

11. Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.

12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Naomi Campbell - Orgulho Negro





























viva as mulheres negras...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Raça Negra - Semana da consciência Negra



















as mulheres negras são deliciosas e tb inteligentes...gosto muito desta pele, do jeito brincalhão e do tesão...