terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eu também passei por isso, Fran” do Blog Pimentaria

Eu também passei por isso, Fran” (reproduzo abaixo, caso o servidor novamente não aguente o fluxo de visitantes).

Quando escrevi a “Carta à Fran”, jamais poderia imaginar a repercussão que o texto teria. Assim como essa garota não sonhava que as imagens dela se alastrariam por aí dessa forma. É humanamente impossível ler cada um dos milhares de comentários, mensagens e emails que recebi. Fui contra o “efeito manada” que condenava Fran e é muito bom saber que a minha opinião ecoou no coração de tantas pessoas. Aos que ainda se julgam donos da verdade, não tenho nada a acrescentar – a vida ensina. Decidi concluir essa história com a voz de duas (dentre tantas) mulheres que me procuraram para dizer que sabem exatamente o que a Fran está sentindo agora. Mais respeito e mais amor, por favor.

1 > Tenho 16 anos, sou do interior de Goiás. Há nove meses, me envolvi com um menino de 18 anos. A gente saía, mas não namorava. Ele foi me iludindo, fazendo minha cabeça, eu gostava mesmo dele. Um dia, a gente estava conversando pela webcam e eu cometi o erro de tirar a roupa. Porque eu confiava nele. Acabei mudando de cidade para estudar cursinho para medicina e a gente nunca mais se falou. Dois meses atrás, ele publicou as imagens num grupo fechado do Facebook. De repente, as fotos circularam não só pela cidade, mas pelo Estado. Todo mundo ficou sabendo. Eu estava em casa, nem lembrava mais daquele dia, quando chegou uma mensagem no meu celular avisando que eu estava nua na internet. Um amigo confirmou que recebeu as fotos pelo Whatsapp e pedi pra ver porque não acreditava. Na hora que eu me vi ali, minha vida acabou. Eu queria morrer. Tentei esconder da minha família, mas não deu. Minha mãe é professora e, por onde ela andava na escola, os alunos ficavam rindo. Ela perguntou o que estava acontecendo e uma menina contou. Ela ficou com muita raiva de mim, só consegui conversar com ela depois de uma semana, quando a minha irmã a acalmou. A única coisa que ela perguntava era por que eu tinha feito aquilo, me mostrado para o menino pela webcam. Fiquei tão mal com tudo, tão perturbada, que cheguei a tomar veneno de matar barata e fui parar no hospital. Eu não aguentava mais o povo falando de mim, vendo minhas fotos, queria desaparecer. Minha mãe ficou preocupada com o meu estado e se mudou para morar comigo porque eu não tenho mais cara de voltar para a minha cidade. Mesmo as pessoas que eu considerava melhores amigas me julgaram e se afastaram de mim. Estou fazendo terapia agora para superar o que aconteceu. Senti muita culpa porque aquilo (tirar a roupa na frente da câmera) foi feito com o meu consentimento. Mas jamais imaginei que passaria por esse sofrimento. Denunciei o garoto por danos morais e ele acabou de receber a intimação da Polícia Federal. Descobriram que as fotos saíram mesmo do computador dele. Estou esperando a audiência agora. Quero que ele se arrependa do que fez. Acho que ele agiu assim para querer se mostrar para os amigos, mas não considerou o estrago que provocaria na minha vida. Serviu como aprendizagem, minha cabeça mudou completamente. É até difícil porque tenho muito medo de me envolver e confiar. Contei tudo para o meu atual namorado, de 27 anos, e ele entendeu. Foi um alívio ele não me chamar de “vagabunda”. Até propôs casamento à minha mãe para ver se o povo para de falar tanto. Eu soube do caso da Fran quando cheguei no cursinho e uns meninos falaram: “olha, agora você tem mais uma amiga para competir contigo na internet”. Espero que nós duas possamos virar a página um dia.

2 > Fiquei com o coração na mão ao ler sua carta para a Fran. Me relembrou uma situação muito parecida que enfrentei no meio desse ano. Apareci num vídeo que circulou pela internet e na televisão aberta. Eu estava transando com meu ex-namorado em um ponto público da Lapa. Eu sei como a Fran se sente! Eu tenho ideia de como é ler os comentários mais feios e baixos que você já viu na vida. Como é se sentir um lixo, sem dormir ou se alimentar direito repassando cada momento daqueles “segundos” que parecem uma eternidade. Não querer sair de casa com medo de ser reconhecida. Medo de ter a família exposta a uma coisa tão pessoal e que se espalha de forma degradante. Eu sei o que é ser a “vagabunda” enquanto o cara que estava comigo saiu como “fodão”. Tive que me esconder e me poupar de tudo e todos para conseguir ter forças pra voltar a vida normal. Fui criticada até pelos melhores amigos. É muito triste o que as pessoas são capazes de fazer quando o assunto é humilhar os outros. Tive ‘amigos’ que chegaram a compartilhar o vídeo e marcar nossos nomes no mesmo. Tive pessoas que me conheciam de vista e postaram meu perfil nos comentários de sites só para me expor mais ainda. Tive colegas de lugares onde trabalhei mostrando o vídeo dentro do ambiente de trabalho. Tive pessoas que me mandaram inbox, sem ao menos me conhecer, só para falar coisas nojentas e me criticar. Tive que contar para a minha família com receio de verem e ficarem decepcionados comigo. É ferida que ainda dói MUITO! A decepção que sentimos de nós mesmas é pior do que qualquer coisa. Me senti fraca e sozinha, mas no final isso só me fez mais forte. Agora, mais do que nunca, defendo as nossas mulheres e tento abrir o olho das pessoas para essa cultura machista que vangloria o homem e detona a mulher. Todo mundo faz sexo, já trepou na rua, já filmou ou se deixou ser filmado. Feio mesmo é quem se utiliza da vida pessoal dos outros sem pesar as consequências. Vergonhoso é ajudar nessa violência verbal que vemos em tantos comentários. Falta de bom senso é essa máscara hipócrita que tantos usam para criticar os outros e não cuidar da própria vida. Falta de caráter tem a pessoa que postou o vídeo e todas as outras que ajudaram a compartilhar o mesmo. Suas palavras foram um conforto pra mim, ler suas palavras de carinho para a Fran significaram muito pra mim! Obrigada por ser a pessoa que dissemina coisas boas, pontos de vista diferentes e um certo aconchego pra própria Fran, pra mim e mais tantas mulheres que se identificaram com esta carta e a paz que veio junto com ela.

Rasgue o roteiro

                

Publicado em por    garimpado do site cem homens.

Este é o roteiro de uma relação sexual heterossexual:
Beijo na boca
Mãos nos corpos.
Tira a roupa.
Mãos nos corpos, agora buscando com mais veemência os órgãos sexuais como se, ao ficarem pelados, as zonas erógenas se resumissem a pintos, bucetas e mamilos.
Mãos nos genitais, com movimentos repetitivos, também conhecidos como masturbação.
Boca nos genitais. No caso da mulher fazendo o boquete, pode até demorar um pouco. No caso contrário, no entanto, geralmente se trata apenas de meia dúzia de lambidinhas para “lubrificar”. Alguns não chegam nem a isso. Outros, mais “preocupados”, se dedicam mesmo, e vão até o orgasmo da moça.
Passa-se à penetração.
E lá fica-se, até o fim.
O fim é o orgasmo. Do cara, em geral, já que 85% das mulheres não goza desse jeito.
Há algumas variações no roteiro acima, como por exemplo o flanelinha e o britadeira, mas é basicamente isso aí.
Pois bem.
Pegue tudo isso e jogue no lixo. Agora, já. É pra ontem!
 
casal
 
Esqueça, de cara, o conceito de “preliminares”. Mãos, bocas, línguas e brinquedos são para serem usados a qualquer momento – antes, durante, depois. Sei lá quem inventou essa palavra para se referir a sexo, só sei que ela não serve pra nada. Se é bom, por que tem um período específico para essas práticas durante o ato sexual?
Depois, e não menos urgente, dê menos importância ao pinto duro. Quanto tempo ele vai ficar lá, se vai amolecer no meio, se vai sair mais ou menos esperma. Se ele amolecer, não se preocupe – vocês sabem muito bem como fazer a ereção voltar. A quantidade de esperma não tem qualquer relação com o prazer sentido. Demorar cinquenta mil horas penetrando, segurando o orgasmo, não vai fazer a mulher gozar. Talvez, nessa sociedade falocêntrica bizarra, você ganhe pontos por ter ~demorado~, mostrado autocontrole. Grande parte das garotas, porém, só vai se sentir assada (e, algumas, usadas como um orifício qualquer).
E o orgasmo, ah, o orgasmo… “Dei duas, dei três, não tirei de dentro.” Pode até ser divertido de vez em quando. Maratona sexual. Ficar com os joelhos trêmulos. Exaustão. Mas de vez em quando – no dia a dia, o orgasmo não deve ser o ápice, o clímax (e o final) de uma relação sexual. Ele é importante, claro, e é beeeeeeeeem gostoso. Mas que tal ir trepando sem preocupação com ele? Beija um pouco aqui, um pouco acolá, penetra um pouquinho, masturba mais um tanto… Curtir o corpo do outro, mesmo, sem pressa, sem ansiedade.
É como o meu queridíssimo Gaiarsa pergunta: Se é tão bom, por que tanta pressa em acabar?
“Outro mau costume do macho é seu interesse pelo fim desde o começo. Leia com calma, leitor, é isso  mesmo. Agrados, carícias, conversas são deixados de lado logo que o caminho ou as circunstâncias se fizerem favoráveis para a penetração/finalização.
Nessa pressa vai muito do medo de que a ereção afrouxe. É preciso aproveitar a presença do príncipe (o pinto duro, nota da blogueira).
Ansioso desde o começo, ele vai ficando cada vez mais aflito e acelerando o ritmo. Parece mais interessado em se livrar de um estado insuportável do que em sentir muito prazer ou se sentir feliz! Mais interessado em cumprir sua obrigação ou se livrar dela…
Alguns enfeitam o encontro com as famosas preliminares, mas, uma vez lá, é quase universal o galope desenfreado.
(…)
Pare às vezes e pulse – sentindo a pulsação dela, se ela tiver. Aprofunde bem devagar, variando a direção a cada momento. Saia devagar, parando com a cabeça dele na entrada e variando os movimentos. Evite os movimentos de vai-e-vem sempre iguais e, pior ainda, os movimentos apressados.
(…)
Variedade de movimentos, controle, calma e respiração – e a coisa pode ir longe, ser deliciosa, e ela vai adorar.”
Resumindo: rasgue o roteiro. Mude o script. Observe a sua parceira (ou parceiro). Busque novas coisas, novos carinhos, novos modos de chupar, beijar, lamber. Teste. Converse. Descubra. Seja feliz.