terça-feira, 15 de outubro de 2013

Rasgue o roteiro

                

Publicado em por    garimpado do site cem homens.

Este é o roteiro de uma relação sexual heterossexual:
Beijo na boca
Mãos nos corpos.
Tira a roupa.
Mãos nos corpos, agora buscando com mais veemência os órgãos sexuais como se, ao ficarem pelados, as zonas erógenas se resumissem a pintos, bucetas e mamilos.
Mãos nos genitais, com movimentos repetitivos, também conhecidos como masturbação.
Boca nos genitais. No caso da mulher fazendo o boquete, pode até demorar um pouco. No caso contrário, no entanto, geralmente se trata apenas de meia dúzia de lambidinhas para “lubrificar”. Alguns não chegam nem a isso. Outros, mais “preocupados”, se dedicam mesmo, e vão até o orgasmo da moça.
Passa-se à penetração.
E lá fica-se, até o fim.
O fim é o orgasmo. Do cara, em geral, já que 85% das mulheres não goza desse jeito.
Há algumas variações no roteiro acima, como por exemplo o flanelinha e o britadeira, mas é basicamente isso aí.
Pois bem.
Pegue tudo isso e jogue no lixo. Agora, já. É pra ontem!
 
casal
 
Esqueça, de cara, o conceito de “preliminares”. Mãos, bocas, línguas e brinquedos são para serem usados a qualquer momento – antes, durante, depois. Sei lá quem inventou essa palavra para se referir a sexo, só sei que ela não serve pra nada. Se é bom, por que tem um período específico para essas práticas durante o ato sexual?
Depois, e não menos urgente, dê menos importância ao pinto duro. Quanto tempo ele vai ficar lá, se vai amolecer no meio, se vai sair mais ou menos esperma. Se ele amolecer, não se preocupe – vocês sabem muito bem como fazer a ereção voltar. A quantidade de esperma não tem qualquer relação com o prazer sentido. Demorar cinquenta mil horas penetrando, segurando o orgasmo, não vai fazer a mulher gozar. Talvez, nessa sociedade falocêntrica bizarra, você ganhe pontos por ter ~demorado~, mostrado autocontrole. Grande parte das garotas, porém, só vai se sentir assada (e, algumas, usadas como um orifício qualquer).
E o orgasmo, ah, o orgasmo… “Dei duas, dei três, não tirei de dentro.” Pode até ser divertido de vez em quando. Maratona sexual. Ficar com os joelhos trêmulos. Exaustão. Mas de vez em quando – no dia a dia, o orgasmo não deve ser o ápice, o clímax (e o final) de uma relação sexual. Ele é importante, claro, e é beeeeeeeeem gostoso. Mas que tal ir trepando sem preocupação com ele? Beija um pouco aqui, um pouco acolá, penetra um pouquinho, masturba mais um tanto… Curtir o corpo do outro, mesmo, sem pressa, sem ansiedade.
É como o meu queridíssimo Gaiarsa pergunta: Se é tão bom, por que tanta pressa em acabar?
“Outro mau costume do macho é seu interesse pelo fim desde o começo. Leia com calma, leitor, é isso  mesmo. Agrados, carícias, conversas são deixados de lado logo que o caminho ou as circunstâncias se fizerem favoráveis para a penetração/finalização.
Nessa pressa vai muito do medo de que a ereção afrouxe. É preciso aproveitar a presença do príncipe (o pinto duro, nota da blogueira).
Ansioso desde o começo, ele vai ficando cada vez mais aflito e acelerando o ritmo. Parece mais interessado em se livrar de um estado insuportável do que em sentir muito prazer ou se sentir feliz! Mais interessado em cumprir sua obrigação ou se livrar dela…
Alguns enfeitam o encontro com as famosas preliminares, mas, uma vez lá, é quase universal o galope desenfreado.
(…)
Pare às vezes e pulse – sentindo a pulsação dela, se ela tiver. Aprofunde bem devagar, variando a direção a cada momento. Saia devagar, parando com a cabeça dele na entrada e variando os movimentos. Evite os movimentos de vai-e-vem sempre iguais e, pior ainda, os movimentos apressados.
(…)
Variedade de movimentos, controle, calma e respiração – e a coisa pode ir longe, ser deliciosa, e ela vai adorar.”
Resumindo: rasgue o roteiro. Mude o script. Observe a sua parceira (ou parceiro). Busque novas coisas, novos carinhos, novos modos de chupar, beijar, lamber. Teste. Converse. Descubra. Seja feliz.

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