sábado, 2 de julho de 2011

Tentação


Professora de boquete


Drummond: amor e sexo
Um dos mais belo



Amor — pois que é palavra essencial
Carlos Drummond de Andrade

Amor — pois que é palavra essencial
comece esta canção e tudo a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
Reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma a expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
Fundido, dissolvido, volta à origem
Dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestres



Uma bela “guerra dos seis dias”, pela educação

Se o mundo cortasse seis dias de seus gastos militares anuais, seria possível colocar todas as crianças do planeta na escola.
A afirmação chocante é do Relatório da Unesco divulgado hoje, intitulado “A crise oculta: conflitos armados e educação” (você pode ler, aqui, em pdf). Nele, um registro terrível. Ainda havia, em 2008, 67 milhões de crianças fora da escola.
O pior é que se registra que o avanço em direção à universalização da escola está lentíssimo: “se as tendências
atuais continuarem, pode haver mais crianças fora da escola em 2015 do que há hoje”, adverte o relatório.
Os números brasileiros, embora tenham melhorado, ainda são muito ruins. Tínhamos, em 2008, ainda 700 mil crianças fora da escola e 14 milhões de adultos analfabetos.
Há, também, no relatório, uma mensagem do arcebispo Desmend Tutu, premio Nobel da Paz (este merecdo, depois de anos de luta contra o apartheid), da qual trasncrevo, pela força, um pequeno trecho:
Meu apelo aos líderes mundiais é uma simples declaração de intenções:”Basta!”. Como membros de uma única comunidade humana ética, nenhum de nós deveria estar disposto a tolerar a violação dos direitos humanos, os ataques às crianças e a destruição de escolas, que vemos em muitos conflitos armados. Vamos chamar a atenção para a cultura de impunidade, que permite que esses atos ocorram; vamos começar a proteger as nossas crianças e o direito que elas têm à educação. Faço um apelo a todos os líderes políticos, países e grupos armados envolvidos em conflitos violentos, para que eles lembrem que não estão acima da lei humanitária internacional.
Faço também um apelo aos líderes do mundo rico, para dar apoio mais eficaz àqueles que estão na linha de frente. Em minhas viagens ao redor do mundo, tenho me sentido pequeno diante do extraordinário esforço, do sacrifício e da determinação que os pais e as crianças demonstram na sua busca de educação. Quando aldeias são atacadas e pessoas são deslocadas, as escolas
improvisadas aparecem do nada. Quando uma escola é destruída, pais e as crianças fazem tudo para manter abertas as portas para a educação.’


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A atração da neoburguesia por Miami
Embora já se soubesse, é espantosa a cena narrada hoje pelas repórteres Rosana Hessel e Roberta Fonseca, do Valor:
nada menos que um quarto dos imóveis vendidos em Miami são comprados por empresários, profissionais liberais e servidores públicos, sobretudo de São Paulo, do Rio e de Brasília, atraídos por baixo custo e crédito barato. “Uma das corretoras estima que no último ano quase metade das casas e apartamentos à venda foi entregue a brasileiros”, diz a matéria.
“O que está ocorrendo é uma loucura. Os brasileiros simplesmente salvaram o mercado imobiliário da Flórida”, diz. “Eles estão comprando de tudo. Casas e apartamentos para passar férias, para morar, para investimento. Há os que procuram o segundo ou o terceiro imóvel”, diz a corretora de imóveis Fabiana Pimenta,que trabalha em uma imobiliária
Nada contra alguém comprar o que quiser, em qualquer lugar. Mas o gasto de brasileiros no exterior – pessoas físicas – já atinge US$ 15 bilhões por ano, um terço de nosso déficit em conta corrente. Agora, soa estranho que sejam estas pessoas as primeiras a reclamarem da “carga tributária” pesadíssima no Brasil.


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A Telesur anunciou agora há pouco que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, regressou a Caracas depois de um mês em Havana, em Cuba, onde recebeu tratamento para um câncer. Ontem, dezenas de milhares de pessoas lotaram as ruas da capital da Venezuela, numa marcha de apoio ao presidente, como você vê aí no vídeo acima.
.Postado por Fernando Brito3 comentários
A matéria – e o gráfico, que reproduzo aí ao lado – publicados hoje pela Folha de S. Paulo reflete muito bem o que buscamos dizer quando afirmamos que é o dólar, muito mais que qualquer pressão inflacionária, o grande perigo, hoje, para a economia brasileira.
Embora o endividamento seja, basicamente, privado, é o Estado brasileiro que tem de entrar como uma espécie de “fiador monetário” destes créditos.
Explico: quando estes recursos entram no país, são convertidos em reais.
Para que estes reais não “inundem” e economia, o Banco tem de recolhê-los com a emissão de títulos, captando-os em troca de juros – e de juros altos.
Isto é: o dinheiro que foi tomado por particulares lá fora, a juros baixos, é remunerado a juros altos pelo Tesouro.
E reaplicado, em dolar, a juros baixos no exterior, como reserva cambial do país, em boa parte para proteger a moeda e a economia brasileiras de súbitas valorizações do dólar.
Ter reservas cambiais, em si, é muito bom para um país. Mas o discutível é ter reservas caras para garantir dinheiro tomado barato fora.
A criação do imposto sobre Operações Financeiras e sua progressiva elevação até 6% conteve parcialmente esta “onda” de capital especulativo.
Mas parcialmente, porque mundo dos investimentos financeiros é uma “esponja”, cheio de vasos que se comunicam e se transferem de um ponto a outro.
Este binômio – dívida externa privada vs. dívida pública cara – é uma das maiores perversidades da economia brasileira.
E , também, uma de suas maiores contradições. Porque o capital para movimentar e fazer crescer a economia, para quem pode toma-lo em dólar lá fora – e só os grandes podem – é barato, pelos altos juros. Mas para a população e para os pequenos e médios empreendedores, que não têm como captar no exterior, é inviavelmente caro.
Com a permeabilidade que a economia mundial tem hoje, com a possibilidade crescente de se financiar no exterior, a juros muito baixos, pelos setores empresariais de maior porte, dominantes na vida econômica, a ideia de que juros altos “desaceleram” a economia é de validade limitada e, sobretudo, seletiva.
É por isso que o estabelecimento de controles cambiais, para as economias emergentes – Brasil entre elas – está longe de ser uma posição de natureza ideológica, de restrição aos capitais estrangeiros. Passou a ser uma necessidade imperiosa , para limitar um processo que, na próxima e inevitável crise, pode derrubar a única parte da economia mundial que consegue crescer hoje


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Elitismo revestido de “meritocracia”
Obrigado a ficar andando de carro, hoje de manhã, ouvi a pancadaria que recebeu a UFRJ na rádio CBN por ter aderido ao ENEM como forma de seleção exclusiva para o ingresso na mais antigas e uma das mais prestigiosas universidades brasileiras.
Lucia Hippólito e o comentarista Sérgio Besserman Viana – ex-presidente do IBGE no Governo FHC, dirigente nacional do PSDB – disseram que isso era um “nivelamento por baixo”, algo como a destruição do mérito e da qualidade acadêmica, porque não se faria uma seleção “específica” para o nível e as pretensões de uma instituição do padrão da UFRJ.
Não, não é. E Sergio Bessermann é, pessoalmente, prova de que isso não é verdade, a não ser que não considere a si mesmo como exemplo de aluno que não merecia ter sido aprovado. Ele passou no vestibular da UFRJ no mesmo ano em que eu. Ambos sabemos que fomos selecionados num exame igualmente geral – o então Cesgranrio – que servia de porta de entrada a quase todas as universidades e faculdades do Rio de Janeiro. Exatamente como é o Enem.
O único problema de Besserman com a UFRJ foi vocacional, não de qualidade intelectual, tanto que a deixou para fazer História e, depois, Economia na PUC.
O Cesgranrio tinha deficiências graves. Mas, no geral, passar para um “federal” não era então e não é hoje coisa que aconteça com quem está despreparado. Os pais de adolescentes – e eles, mais do que ninguém – sabem disso, perfeitamente.
Não é o caso de discutir se, do ponto de vista acadêmico, uma universidade pode ou deve ter seleções específicas. Esta é uma longa e profunda discussão. Mas, mesmo que considere assim, igualmente deve usar o Enem como pré-seleção, porque o gigantismo dos vestibulares das universidades públicas tornou-se um processo monstruoso de distorção, em vários aspectos.
Primeiro, das funções da Universidade. Preparar e realizar exames simultâneos para cem mil ou mais vestibulandos, com os requisitos de qualidade e segurança que isso impõe, na aplicação das provas e em sua correção acabou se tornando uma das principais preocupações da academia. E é caríssimo.
Daí, vem o segundo problema. O aluno que faz prova para a UFRJ, faz outra prova para a UFF (em Niterói), outra para a UERJ (estadual) e, em certos cursos, também para a Unirio (federal) e a Universidade Federal Rural, em Seropédica. Em outros casos, havia mais um – o da Universidade Estadual Darcy Ribeiro, em Campos, que hoje também adota apenas o Enem. Para cada uma, uma taxa de inscrição. Em 2008, a inscrição da UFRJ custava R$ 95. Imagine o custo, para uma família de classe média baixa ou para um jovem trabalhador de fazer cinco inscrições para cinco vestibulares?Ou seis, em alguns casos?
Afora isso, o fato de realizar dois ou até três dias de provas para cada um dos cinco vestibulares públicos criava um período em absoluta indisponibilidade e stress para estes jovens. Se, por acaso, tivessem um emprego, era virtualmente impossível fazerem todas estas provas.
É evidente que a elevação do nível de nossas grandes universidades depende, e muito, da qualidade do ensino básico e do médio. Embora a política de cotas seja um correto remédio emergencial para as desigualdades, ela não resolve sozinha estes problemas e nem se deseja que seja eterna, pois que não se deseja a eternidade da desigualdade.
Mas nada justifica que, sob este argumento, seja mantido um sistema de seleção que é caro, torturante e elitista.Tanto que das universidades fluminenses – por decisão de seus conselhos acad~emicos e não do Governo – só a UFF não aderiu ainda à seleção apenas pelo Enem.
É uma atitude estranha que isso seja proposto, em nome da “excelência da UFRJ”, por alguém que chegou a ela por um exame geral como era o do Cesgranrio, como Sérgio Besserman.
Com vestibular específico ou com Enem, passar para a UFRJ continuará sendo uma façanha digna de aplauso, pela capacidade e pelo esforço, para qualquer jovem. Como o foi, naquele vestibular de 1977, para o então jovem e então esquerdista Sérgio BessermanViana


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Lindissimas