sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Grande Muralha da Vagina

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O polêmico artista Jamie McCartney nos apresenta 400 moldes de genitálias femininas dispostas em dez painés que totalizam nove metros de comprimento. O trabalho não é apenas uma curiosidade provocadora e controversa, mas um chamado para importantes questões socioculturais envolvendo o corpo feminino.
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© "A Grande Muralha da Vagina", close de Jamie McCartney.

O escultor britânico, que vive e trabalha em Brighton, se graduou em 1991 na Hartford Art School, nos Estados Unidos. Você provavelmente já teve a oportunidade de ver a arte de Jamie McCartney em alguns filmes, como O Guia do Mochileiro das Galáxias e Cassino Royale, onde ele trabalhou com escultura e efeitos especiais. Mas foi com a exposição The Great Wall of Vagina, ou A Grande Muralha da Vagina, que Jamie ficou realmente conhecido pelo mundo, atraindo a atenção do público e da mídia antes mesmo de o trabalho ter sido concluído.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

A diversidade dos moldes expostos é extensa. Quatrocentas genitálias femininas. Quatrocentas diferentes mulheres, de diferentes países, dos 18 aos 76 anos de idade. Mães e filhas, gêmeas idênticas, transgêneros homens e mulheres, mulheres em períodos pré e pós-natal e pré e pós-labioplastia.
“Para muitas mulheres a aparência da genitália é uma fonte de ansiedade e preocupação e eu estava numa posição única para fazer algo em relação a isso”, diz o artista.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

E esse é o principal questionamento levantado pela obra de Jamie, que nos faz repensar os preconceitos acerca do corpo feminino e desmistificá-los. A sexualidade da mulher, vítima histórica de repreensão, demonização e censura, é exposta a nu através de uma honesta retratação natural, sem maquiagens plásticas de perfeições imaginárias.
A atual pornografia tradicional (aquela que difere da pornografia alternativa, responsável por mostrar atrizes fora do padrão de beleza estabelecido pela mídia), pode ser considerada, em grande parte, culpada por criar nas mulheres a ilusão de que existe um modelo de genitália correto, saudável e atraente. Um comentário interessante do terapeuta e sociólogo Dr. Marty Klein em uma resenha do livro Vulva 101, uma obra fotográfica de Hylton Coxwell com uma proposta semelhante à de Jamie McCartney, diz que essa pornografia está sutilmente treinando homens para desejarem garotas pré-púberes. Ainda sobre o livro, ele diz: “Entre essas dezenas de vulvas, ninguém seria capaz de dizer que há uma única garotinha entre elas”. Acredito que o mesmo possa ser dito sobre o trabalho escultural de Jamie.
A labioplastia, também chamada de ninfoplastia, é um processo cirúrgico onde é cortado o excesso de pele nos lábios vaginais. O número de realizações desse processo tem crescido cada vez mais. Não por motivos médicos, mas por motivos estéticos. As mulheres estão insatisfeitas com a aparência de suas genitálias ou acham que há algo de errado com elas quando não possuem lábios curtos.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney, no dia de lançamento.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney, no dia de lançamento.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney, no dia de lançamento.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

“Já é tempo de nossa sociedade crescer em relação a esses assuntos e eu estou certo de que a arte tem um papel nisso”, diz Jamie McCartney.
A genitália masculina também é fonte de uma descabida procura pela perfeição estética, particularmente centrada no tamanho do pênis. Insegurança que com certeza já fez muitos meninos clicarem naqueles odiosos SPAMs de “aumente seu pênis”. Mas ao longo da história e das artes, a genitália masculina tem sido idolatrada e cultuada como símbolo de fertilidade e virilidade. Comumente sendo representada por objetos e caracteres fálicos, que se assemelham na forma, como os cornos de um animal.
Já a genitália feminina tem sido relegada à censura ou à fantasiação de um modelo perfeito e inexistente, assemelhando-se à aparência pré-púbere e consolidando o mito da ninfa. Dessa maneira, a sexualidade da mulher é negada a ela mesma e permitida apenas quando mostrada de maneira submissa e direcionada a um observador masculino. Ela existe em função do outro, daí a inquietação e o desconforto com a aparência dos lábios. Isso nutre uma vergonha em relação ao próprio corpo, influenciando drasticamente o comportamento e o modo de vida dessas mulheres.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

A exposição de Jamie McCartney proporciona ao público a oportunidade de perceber que não existe um único modelo padrão de genitália. Não existe a vagina perfeita. E as mulheres deveriam parar de se preocupar com isso e retomar as rédeas de seu próprio corpo e sexualidade. Como diz no site da obra, isso é arte com uma consciência social, e o artista quer que as pessoas parem, observem e escutem. É sobre capturar a atenção, usando o humor e o espetáculo, e então educar as pessoas sobre como as mulheres normais realmente são.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.

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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney, Vista exterior no dia de lançamento.

Em 8 de Maio desse ano de 2012, SKIN DEEP, a nova exposição de Jamie McCartney, abrirá na Hay Hill Gallery, em Londres. Trará não apenas A Grande Muralha da Vagina, mas também um novo trabalho do artista, de cunho fotográfico, intitulado Physical Photography.
De acordo com o press release da exposição, Physical Photography se concentra na forma humana, dando prosseguimento ao trabalho da muralha, retratando e celebrando as pessoas em seus estados naturais, sem o recurso a manipulação de imagem. Indo além do propósito tradicional de um scanner, Jamie cria imagens escaneadas de corpos que possuem ao mesmo tempo uma realidade crua e uma particular beleza estética. A montagem de vários scans individuais para alcançar imagens de corpo inteiro resulta numa abstração da forma humana, por sua aparência de múltiplos ângulos sutilmente diferentes. O artista se refere a isso como um neocubismo.
Jamie McCartney se considera um enfant terrible movido pela experimentação. Essa efervescência criativa rendeu memoráveis trabalhos que, com certeza, já mudaram a vida de algumas mulheres. Para o artista, nenhum tema é controverso o suficiente.
Que Jamie continue com suas criações desafiadoras, nos provocando e nos educando da maneira mais divertida possível: com arte.

Para conhecer mais sobre A Grande Muralha da Vagina, visite o site do artista.
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© "A Grande Muralha da Vagina", de Jamie McCartney.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/04/a_grande_muralha_da_vagina.html#ixzz1uarySa4I

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