quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Não feche os olhos


 

Niemöller para nosso tempo

Primeiro rifaram os índios.
Não me importei, pois não sou índio.
E a indústria precisa da energia
Em seguida, as mulheres e seus direitos reprodutivos.
Não me importei, pois não sou mulher.
Era meio impopular, defender aborto.
Depois foi a vez dos negros.

Não me importei, pois não sou negro.
E o que é um livro racista na escola ante a eleição na cidade maior?
Daí rifaram os lavradores.
Não me importei, pois moro na cidade.
E as exportações de soja me subsidiam a gasolina.
Na sequência foram os jovens geeks e hackers.
Não me importei, pois uso Windows.
E devíamos mesmo uns favores à classe artística.
Largaram os sobreviventes e enlutados.
Não me importei, pois não perdi ninguém na ditadura.
E alguns aliados tinham lá seus ossos no armário.
Daí rifaram gays e lésbicas.
Não me importei, sou hétero.
E afinal, o que era a lei ante a multidão de eleitores conversos?
Quando me rifaram
Não havia mais quem (se) importasse.

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