segunda-feira, 19 de março de 2012

Semana Carlos Drummond de Andrade



A língua girava no céu da boca. Girava! Eram duas bocas, no céu único.

O sexo desprendera-se de sua fundação, errante imprimia-nos seus traços de cobre. Eu, ela, elaeu.

Os dois nos movíamos possuídos, trespassados, eleu. A posse não resultava de ação e doação, nem nos somava. Consumia-nos em piscina de aniquilamento. Soltos, fálus e vulva no espaço cristalino, vulva e fálus em fogo, em núpcia, emancipados de nós.

A custo nossos corpos, içados do gelatinoso jazigo, se restituíram à consciência. O sexo reintegrou-se. A vida repontou: a vida menor.


Pessoal, dedicarei nesta semana de comemoração dos 110 anos do nascimento do grande poeta mineiro, postarei todos os dias poesias com belíssimas ilustrações, estas minhas.


Nenhum comentário: