sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Histórias Íntimas", Mary del Priore conta como o sexo se ampliou



Folha - Em "Histórias Íntimas" você fala que, no século 19, "não havia lugar do corpo feminino menos erótico do que os seios". O corpo da mulher se tornou mais desfrutável desde então?

Mary del Priore - Sim, os seios ganharam importância quando a lingerie começou a se difundir, no século 20. Antes, a roupa íntima da mulher era uma sobreposição de saias compridas, repletas de botões e laços. Despir-se era complexo.
A lingerie levou o olhar do homem para uma parte do corpo feminino até então vista como meramente funcional, chamadas de "aparelhos de lactação". Mas a grande moda dos seios veio mesmo na década de 1950, com o cinema americano, a Playboy e a Marilyn Monroe.


Como os avanços industriais contribuíram para a ampliação da sexualidade?

- A abertura dos portos, em 1808, modificou os hábitos noturnos burgueses. Até o século 19, dormia-se em redes ou esteiras. As relações ocorriam nesses locais, o que as tornava breves. A partir de 1808, passaram a chegar camas e colchões da Europa. E o quarto do casal burguês passou a ser o que chamo de santuário da reprodução.
O sexo também ganhou muito, já no século 20, com a comercialização da pasta de dente, do desodorante, do sabão e de outros produtos de higiene. Eles tornaram o corpo mais limpo e, por consequência, explorável.


Você diz que, a partir dos anos 1960, a ideia do "direito do prazer" fabricou um efeito colateral: o sofrimento pela ausência do prazer. Ele é pior do que a contenção?

- Ambos são nefastos. Nossa sociedade passou com muita rapidez da ditadura da contenção para a ditadura do gozo. Hoje, além de escolher os parceiros, as pessoas podem escolher o próprio sexo. Podem ser homem em um dia e mulher no outro. Mas esse excesso causa no homem uma insegurança muito grande.
A mulher também está solitária, tanto que as manchetes de revistas femininas continuam ensinando formas de agradar aos homens. E, até os anos 1980, a preocupação das revistas era com o bem-estar da família. A palavra "orgasmo" nem aparecia no vocabulário do casamento.
















2 comentários:

Dorei disse...

Cabrito, meu amigo, esta mulher está equivocadissima, mas enfim, quem não conhece história que acredite. Mesmo que ela esteja falando de sexo apenas no Brasil, inclusive, a homossexualidade é coisa que sempre existiu, desde que o homem ainda nem tinha evoluído para a espécie humana. E a comissão de frente feminina sempre chamou a atenção do macho humano.

Beijos em ti, querido e ótima semana!

Cabrito Lunático disse...

bom, acho que vc tá coberta de razão, não tinha percebido este viês conservador nesta analise, normalmente não posto artigos, entrevistas e textos que não concordo, desculpe nossa falha, afinal no século 19 os portugueses ficaram malucos com nossas indias nuas a beira mar...
bjs no coração